quinta-feira, 16 de outubro de 2008

OS QUATRO MAGNIFICOS
















Quatro actores, quatro nomes a reter, representativos duma mesma geração, sendo o 1º deles o timoneiro desta magnifica fornada de talento.
Escolhemos estes quatro pelo seu contibuto para a ficção portuguesa e pelas jovens e excelentes carreiras no seio da nossa cultura.

Apresentamos um breve resumo sobre os seus percursos formais e profissionais, desafiando o/a visitante a deixar aqui connosco o seu comentário/acrescento ao trabalho destes Quatro Magnificos...



Ivo Canelas (23 De Dezembro de 1973) é um actor português.
Frequentou o The Lee Strasberg Theatre and Film Institute em Nova Iorque, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian.
Da sua actividade em teatro destaca o trabalho com encenadores como Diogo Dória, José Wallenstein, Solveig Nordlund, Fernanda Lapa, Luís Assis, Carlos Avilez, Sandra Faleiro ou Almeno Gonçalves. Foi dirigido por Jorge Silva Melo, entre outras, na peça A Queda do Egoísta Johan Fatzer de Bertolt Brecht (1999).
No cinema participou em quase vinte películas, entre elas La Reine Margot (1994) de Patrice Chéreau, Menos 9 (1997) de Rita Nunes, Entrada em Palco (1997) e É só um Minuto (1999) de Pedro Caldas, António, Um Rapaz de Lisboa (1999) de Jorge Silva Melo, A Dupla Viagem (2000) de Teresa Garcia, O Princípio da Incerteza (2002) de Manoel de Oliveira e Alice de Marco Martins (2005), tendo ainda trabalhado com outros realizadores, como Jorge Paixão da Costa, Oswaldo Caldeira, Francisco Manso, Leonel Vieira e António Pedro Vasconcelos.
Assinou alguns trabalhos em televisão, nomeadamente em telefilmes (2000 - Monsanto de Ruy Guerra, 1999 - Fuga de Luís Filipe Costa) e séries (1997 - Riscos). Popularizou-se em O Fura Vidas (1999), que protagonizava com Miguel Guilherme.



Felipe Duarte (5 de Junho de 1973), actor português.
Concluiu o Curso de Teatro – Formação de Actores, na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa e frequentou o Curso de Formação de Actores do Instituto de Investigação e Criação Teatral (IFICT).
No teatro já interpretou autores como Gil Vicente, Mário Botequilha, Mia Couto, William Shakespeare e Albert Adelach, tendo trabalhado com os encenadores Adolfo Gutkin (Teatro da Trindade), Rogério de Carvalho, Geraldo Touché, Francisco Salgado, Carlos J. Pessoa (Teatro da Garagem), Laila Ripol (Festival de Teatro de Outono - Madrid) e Miguel Seabra (Teatro Meridional).
No cinema trabalhou com os realizadores Nuno Simões, Rita Nunes, António Pedro Vasconcelos (Os Imortais), Leonel Vieira (Um Tiro No Escuro), Mário Barroso (O Milagre Segundo Salomé), Margarida Cardoso (A Costa dos Murmúrios), Tiago Guedes e Frederico Serra (Coisa Ruim) e Luís Filipe Rocha (A Outra Margem).
Para a televisão destaca o telefilme Teorema de Pitágoras, de Gonçalo Galvão Telles e as séries A Ferreirinha, realizada por Jorge Paixão da Costa e João Semana, de João Cayatte, ambas para a RTP1.
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Filipe_Duarte_(actor)"


Diogo Infante ( 28 de Maio de 1967) é encenador e actor português.
Ingressou em 1988 na Escola Superior de Teatro e Cinema, concluindo em 1991 o Curso de Formação de Actores.
Estreia-se no espectáculo As Sabichonas de Moliére, dirigido por Ruy de Matos no Teatro Nacional D. Maria II (1989). Trabalha no Teatro Experimental de Cascais com Carlos Avilez (1989 - A Morte de Danton de Buchner; 1990 - Rei Lear de Shakespeare; 1992 - Os Espectros de Ibsen). Com Rui Mendes, em 1990, participa em Sonho de Uma Noite de Verão de Shakespeare e As Suaves Alegrias da Felicidade Conjugal de Anton Tchekov. No Teatro Aberto interpreta Brecht em Ópera dos Três Vinténs (1992), participando também nas peças O Tempo e o Quarto de Botho Strauss (1993), Alguém Olhará por Mim de Frank MacGuiness (1994) e Quase de Patrick Marber (1999), sempre sob a direcção de João Lourenço. No Teatro Nacional D. Maria II salienta a participação em Rei Lear, na encenação de Richard Cottrell (1998).
Recentemente integrou o elenco das peças Romeu e Julieta de Shakespeare, encenado por John Retallack no Teatro São Luiz (2006); O Assobio da Cobra de Nuno Costa Santos, dirigido por Adriano Luz (2006, Teatro São Luiz); Laramie de Moisés Kaufman, que também dirigiu, no Teatro Maria Matos (2006); A Dúvida de John Patrick Shanley, encenação de Ana Luísa Guimarães (Teatro Maria Matos, 2007), Hamlet de Shakespeare, encenação de João Mota (Teatro Maria Matos, 2007).
Encenador, dirigiu no Teatro da Trindade O Amante de Harold Pinter (1992) e Segredos de Richard Cameron (1993); para o Teatro Villaret, Odeio Hamlet de Paul Rudnick (1996); para o Teatro São Luiz, Um Vestido para Cinco Mulheres de Alan Ball (1997); para o Teatro Nacional D. Maria II, O Jardim Zoológico de Cristal de Tennessee Williams (1999); para o Teatro Maria Matos Laramie de Kaufman (2006).
Estreou-se no cinema com Nuvem de Ana Luísa Guimarães (1992) - Prémio de Melhor Jovem Actor e Se7e de Ouro. Participou depois em filmes de Jorge Paixão da Costa (1994 - Adeus Princesa), João Botelho (1994 - Três Palmeiras), Luís Filipe Rocha (1995 - Sinais de Fogo), Joaquim Leitão (1997 - Tentação), Lúcia Murat (2000 - Brava Gente Brasileira), Leonel Vieira (1998 - A Sombra dos Abutres; 2001 - A Bomba), Ruy Guerra (2004 - Portugal S.A.), George Felner (2005 - Manô), entre outros, obtendo popularidade com Sweet Nightmare de Fernando Fragata (1998) e Animal de Roselyne Bosch (2005).
Para a televisão teve participações em diversas séries e novelas. Estreia-se em Por Mares Nunca Dantes Navegados (1991) e, seguidamente, aparece em A Banqueira do Povo (1993), Aquela Cativa que Me Tem Cativo (1995), Riscos (1997), Os Lobos (1998) ou Jornalistas (1999). A novela Jóia de África (2002) deu-lhe um terceiro Globo de Ouro, desta vez na qualidade de Melhor Actor de Ficção Televisiva. Trabalhou ainda como apresentador para a RTP1, nos programas Pátio da Fama (1995), As Canções da Nossa Vida (1999), Quem Quer Ser Milionário (2001) e Cuidado com a Língua (2006).
Vencedor dos Globos de Ouro como Melhor Actor de Cinema, em 1996 e 1998, salienta a nível internacional o Prémio das Nações Unidas em 1995; o Festival de Gramado atribuí-lhe o Prémio de Melhor Actor pelo seu desempenho em A Sombra dos Abutres, em 1999, ano da sua promoção como Shooting Star pela European Film Promotion.
Desempenhou a função de Director Artístico do Teatro Maria Matos desde 2006 até 2008, de onde se demitiu por falta de verbas para a conclusão dos seus projectos.
Diogo Infante será o próximo director artístico do Teatro Nacional D. Maria II, avança a imprensa desta terça-feira. A saída do actor da direcção do Teatro Municipal Maria Matos estará relacionada com o convite que ja lhe teria sido endereçado.


Marco D'Almeida (29 de Agosto de 1974) é um actor português.
Formado na Escola Profissional de Teatro de Cascais, prosseguiu os estudos dramáticos em Londres e Nova Iorque, como bolseiro da Fundação Gulbenkian. É com Carlos Avillez, no Teatro Experimental de Cascais que se centra marioritariamente a sua actividade teatral.
Participou em várias produções cinematográficas, como O Gotejar da Luz de Fernando Vendrell (2002), Manô de George Felner (2005), Coisa Ruim de Tiago Guedes e Frederico Serra (2006) ou 20,13 Purgatório de Joaquim Leitão (2006). Ultimamente tem-se destacado em produções televisivas para a TVI como Tempo de Viver e mais recentemente Ilha dos Amores do qual foi protagonista. Estreou-se na escrita (2008) nomeadamente para os Casos da Vida: é autor de " Polaróides da Minha Avó" que foi emitido no dia 23 de Março de 2008.


DADOS DA WIKIPÉDIA

sábado, 13 de setembro de 2008

Simplesmente ficção portuguesa

Conde de Abranhos


Manô



Tempo de Viver




João Semana




Pedimos desculpa pela falta de actualização do nosso blog. Factos alheios á nossa vontade (Faculdade, férias etc...) não nos permitiram reunir condições para o renovar constantemente. Prometemos que será diferente a partir deste post. A vida muda todos os dias...)
uma verdade incontornável que o público português quer e deseja assistir cada vez mais a ficção portuguesa de qualidade

A ficção portuguesa adaptada ao ecrã, baseia-se quase sempre em grandes obras literárias e best-sellers de renome. Uma história bem contada, incluindo romance, factos políticos e sociais de uma determinada época ou geração retratada fielmente tem seguramente êxito seja televisivo ou cinematográfico.

A boa ficção cria empatia ou força a uma identificação que tem a haver com correntes culturais e emocionais do público, é consistente na sua efabulação narrativa e gera uma singularidade muito própria,

Apesar das renovações estéticas dos últimos anos, a ficção tem de integrar-se no mundo pessoal do público que lê ou assiste, através de um amor frustrado, uma indecisão, uma ideia política, a morte, o ódio…todo um perpétuo movimento de factos e vontades que começa, acaba e recomeça.

Neste sentido se torna importante a implementação definitiva da ficção nas televisões portuguesas. Uma vez que a situação económica dos portugueses não lhes permite por vezes adquirir produtos culturais de qualidade, tem a televisão um papel preponderante na divulgação de obras fundamentais na nossa cultura promovendo deste modo um sentido do gosto e uma sensibilidade apurada.

Ficção e história são discursos que constituem sistemas de significação pelos quais damos sentido ao passado, e ao presente, sendo que ao ficcionar o presente, ao fotografá-lo, comprometemo-nos a um percurso ideológico e implicitamente a uma relação de causa-efeito, cabendo à ficção a função social de garantir uma possibilidade de contar, dar voz aos vencidos, lendo a realidade sob forma de denúncia, acreditando ser possível uma outra leitura diferente da do discurso do poder e servir como veículo de alienação ao mesmo tempo.

terça-feira, 1 de julho de 2008

INVASÃO DE PRIVACIDADE



" A autoridade é necessária para tutelar a liberdade de cada um contra a invasão de todos, e a liberdade de todos contra os atentados de cada um" - Cesare Cantú

Se a tua família decidir que o teu carro, o teu telemóvel ou a tua moto tem de ter um GPS para saber onde estás a qualquer momento consideras que estão a invadir a tua privacidade?

Com esta questão colocamos outras. Quais são os limites? Até que ponto não ultrapassamos o bom senso e derrubamos barreiras?
Existe um espaço em torno das pessoas que é uma zona particular, um "invólucro" próprio que cada um carrega em torno de si, uma espécie de "aura" que nos envolve e defende na qual qualquer entrada não desejada incomoda e ofende.
É uma zona de exclusão onde só é admitido quem queremos. Esta é a razão pela qual nos sentimos desconfortáveis no meio de multidões, em locais super-lotados ou quando alguém nos toca ao falar. O tamanho desta zona não é fixo, depende onde estamos, como nos sentimos, o que somos, quais as condições em que nos encontramos e o nosso estado de espírito.
Esse espaço expande-se se o local é vazio e pouco habitado e contrai-se se o local for reduzido e somos obrigados a conviver com outros.
Quando aceitamos alguém, algum animal ou objecto nesse espaço, fazêmo-lo por afecto, carência ou afinidade. Abraçamos quem amamos, seja o animal de estimação ou um objecto querido. Tudo o que esteja pra lá deste círculo íntimo é rejeitado pelo nosso invólucro. Pode ser uma couraça ou uma zona de exclusão, mas é sem dúvida nenhuma um campo de força que comandamos e que repele os intrusos.
Desde que o homem vive em sociedade, para sua própria sobrevivência, este espaço particular tem uma dualidade muito característica, pois é utilizado por nós para exteriorizar os afectos, o companheirismo e os compromissos com a vida social e ao mesmo tempo pode ser invadido por "estranhos", causando desconforto e por vezes conflito. É o preço da vida social. A vida moderna e a nossa opção em viver em aglomerados humanos apelidados de "cidades" acentuou extraordinariamente a invasão desta particular zona de conforto gerando stress diariamente.
Por exemplo o elevador é um local por excelência onde se evidencia a perturbação que nos causa a presença de estranhos tão perto de nós. Ninguém consegue evitar o atrito e podemos constatar in loco o que é realmente uma invasão de privacidade.










sexta-feira, 13 de junho de 2008

Receita rápida para fazer novelas....



Tem este post o prepósito de vos desafiar a falar/criticar ou mesmo incitar a escrever sobre novelas. Gênero ficcionista que inflacciona todos os canais televisivos generalistas um pouco por todo o mundo.
Em jeito de brincadeira deixamos abaixo uma receita ligeirinha sobre como iniciar a escrita de uma novela. Como por exemplo podemos ocupar os nossos tempos mortos em que muitas vezes nem nos apetece sair para beber um copo com os amigos...


RECEITA RÁPIDA PARA FAZER NOVELAS

Em 1º lugar devemos ter em atenção que para criar uma novela temos necessariamente que seguir uma chave matriz infalível que vamos sintetizar da seguinte forma: divide-se a novela em 3 categorias, a história, os locais, e as personagens necessárias. Estas 3 categorias por sua vez subdividem-se noutras.

A História

Não inventem. Nunca existirá novelas sofisticadas. A história principal arrasta-se durante todos os episódios e no final tudo acabará em bem.

Cruzada Pessoal

História de um indivíduo (ou família) que venceu na vida ou vai vencer (no fim da novela tudo se compõe). Esse indivíduo passa as passas do Algarve mas vingar-se -à.

Rivalidade entre familias

Duas famílias que se odeiam e lutam uma contra a outra até ao fim da novela. Não existem 3 ou 4 famílias em "guerra" apenas 2. Nunca se esqueçam desse pequeno pormenor, por isso não inovem ou incrementem algo que é simples. O par romântico principal obviamente será formado por 1 membro de cada família adversária. Esta é a velha história shakespeareana usada e abusada vezes sem conta.

Grandes Negócios

Ora aqui está um item importante. A empresa onde tudo acontece. Pode ser a fábrica de porcelana ou um grande centro comercial ou mesmo um Banco, tanto faz. Hã.. e todo o controlo accionário é sempre efectuado por meio de falcatruas.

História de Amor

Todas as novelas tem de ter invariavelmente uma história de amor. E o casal depois de muitos altos e baixos só se une no final (lembram-se do Tomé/Clara?)

Histórias Paralelas

Para prender o público durante vários meses com a mesma lengalenga é necessário alimentá-lo criando historiazinhas paralelas. Mas mantenham os olhos bem abertos na escolha do elenco, pois se algum protagonista ou história secundária se destacarem, têm de reescrever a novela!!! Nunca é demais lembrar o que aconteceu ao RVilhena com a história do Gonçalo/Raquel!

Núcleo Pobre/Núcleo Rico

A velha dicotomia. Não mudem este estado de coisas!!! É uma fórmula simples e resulta. Os pobres são bons e felizes e os ricos maus e infelizes. Porque é sempre triste viver num palacete e possuir um Jaguar é aborrecido. O que é mesmo bom é viver num Bairro social onde todos os vizinhos nos conhecem e se metem na nossa vida e estar desempregado.

Locais

Todas as histórias acontecem algures não é assim? Mas onde? Vejam...

Lisboa

È o melhor local pois os estúdios de gravação estão por perto.

Porto

Ideal para novelas que se querem "sérias". O Porto é conotado pela "cidade do trabalho" e todas as histórias aqui passadas são densas e dramáticas.

Interior


Nada de provincianismos! Os próprios habitantes detestam que os retratem desse modo!

Lugares Imaginados

Este é o local perfeito porque se pode inventar ao máximo. Personagens estranhos e bizarros onde se permite todo o tipo de loucuras.

Personagens Necessárias

Assim como não devem inventar nas outras categorias, também neste capítulo deverão seguir rigorosamente a tradição.

Tipos

Super-Bonzinhos

Herói/heroína sem defeitos. Quando cometem um erro pagam muito caro. Todos querem justiça, todos torcem por um final feliz. E tudo isso acontecerá no fim.
Tem de ser alguém pertencente ao Núcleo Pobre. Ou então alguém do Núcleo Rico que foi á falência mas que depois recupera como por milagre todo o seu dinheiro e volta a ser milionário/a.

Infinita Maldade

Vilão/vilã sem um rasgo de bondade. São quase sempre uma encarnação do Diabo. Praticam o mal apenas por puro prazer. No fim ou morrem ou acabam num hospital psiquiátrico. Têm de ser do Núcleo Rico. Também existem os mauzinhos/mázinhas do Núcleo Pobre mas quase sempre não passam de grandes intriguistas sem importância.

Os ambíguos

Este gênero de personagens surgiu com os tempos modernos. Não são totalmente bons nem totalmente maus. São humanos. Continuam a existir os heróis e os vilões mas as atitudes são menos básicas e assim os guionistas garantem o sucesso passando a imagem de criadores de dramas psicológicos intensos e profundos.

O Idiota Cómico

Pois é, todas as novelas têm o seu palhacinho. O herói das criancinhas, os seus gestos serão imitados e haverá depois programas televisivos que mostrarão o lado mais sério do actor. Mas o actor depois deste sucesso nunca fará mais nada de sucesso igual.

Boazona/Bonzão

É claro que tem de haver actores bonitos. Porque é necessário lançar a moda! Estão a ver agora a importância da CVieira e a sua campanha publicitária de lingerie? E as revistas cor de rosa também têm de vender! E procurem não transformar estes personagens em algo de muito elaborado criando-lhes diálogos brilhantes porque não é para isso que eles lá estão. Reservem-lhes cenas em que apareçam com reduzido vestuario ou que lhes realçem as formas. Funciona sempre não tenham dúvidas.

Estrangeiros

Não aparecem com regularidade mas se aparecem devem ser retratados utilizando 2 regras importantíssimas que não deverão ser quebradas:

a) serão caricatos

b) falam português fluentemente com ligeiro acento estrangeiro, conforme a nacionalidade e usam a língua de origem para as expressões mais simples. É de facto uma regra imbecil mas é a regra.
Dizem "olá", "adeus", "até logo" na língua original. Parece que aprendem tudo menos o que é mais fácil. Foi esta a fórmula genial que os guionistas inventaram para apresentar a nacionalidade a que pertencem.

Personagens Bizarros

Os meus personagens favoritos! São os personagens imaginários. O homem que voa, o lobisomem, a mulher que tem visões.

Tendo em conta todos estes ingredientes, bem cozinhados com uma boa dose de paciência e imaginação, garantimos que a Vossa novela está criada. Boa Sorte!!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Recordar JOIA DE ÁFRICA.



Jóia de África

Viagem em busca das origens.


A Joia de África é a história de duas grandes paixões, a paixão por África e a paixão entre Joana (Sofia Alves) e Romão (Diogo Infante).

A história começa num momento de grande dramatismo, quando Romão descobre que não é filho das pessoas que sempre considerou serem seus pais. Quando está à beira da morte, a sua mãe adoptiva entrega-lhe um colar originário da zona de Zambeze... -“aí estão as tuas origens”... mas morre antes de lhe dizer quem é a sua verdadeira mãe.

É para África que Romão e o seu melhor amigo Domingos (Eric Santos), também africano, se lançam à procura das suas origens. E é aí que conhece Joana e um amor proibido e escaldante nasce.

O enredo de África desenrola-se nos finais dos anos 50 entre as contradições do colonialismo, com grandes revelações e grandes segredos, grandes mudanças previstas pela velha feiticeira da região e numa atmosfera de paisagens impressionantes.

terça-feira, 29 de abril de 2008

EQUADOR



Com a aproximação do começo das gravações da tão badalada série baseada no romance "Equador" deixamos aqui registados breves excertos que descrevem os personagens Luis Bernardo e o casal Ann e David.

Tinha 37 de idade, era solteiro e tão mal comportado quanto as circunstâncias e o berço lho permitiam ‑ algumas coristas e bailarinas de fama equivalente a todas as suspeitas, ocasionais empregadas de balcão da Baixa, duas ou três virtuosas senhoras casadas de sociedade, e uma muito falada e disputada soprano alemã que estagiara três meses em São Carlos e de que constava não ter sido o único frequentador. Era, pois, um homem dado a aventuras de saias mas também a melancolias. Aos 22 anos deixara o curso de Direito em Coimbra mas, para grande desgosto do seu já falecido pai, a sua projectada carreira na advocacia não fora além de um curto estágio no escritório de um reputado advogado de Coimbra, do qual saíra esbaforido e para sempre aliviado daquela suposta vocação. Regressara à sua Lisboa de sempre, onde se ocupara de dispersos ofícios, até ter herdado do pai a posição de sócio principal da Companhia Insular de Navegação: três navios, de cerca de doze mil toneladas cada um, transportando carga e passageiros entre a Madeira e as Canárias, o arquipélago dos Açores e as ilhas de Cabo Verde. A Insular tinha os escritórios situados num prédio ao fundo da Rua do Alecrim, os seus trinta e cinco empregados espalhados pelos quatro andares do edifício pombalino e ele próprio instalado num amplo salão, com duas janelas rasgadas sobre o Tejo, que vigiava com a atenção de um faroleiro, ao longo dos dias, dos meses, dos anos. Ao princípio, Luís Bernardo criara a ilusão de que dali controlava uma armada atlântica e quase uma parte dos destinos do mundo: conforme os telexes ou as comunicações‑rádio dos seus únicos três navios iam chegando, assim ele ia actualizando o seu paradeiro com pequenas bandeirinhas que espetava no imenso mapa de toda a costa ocidental da Europa e de África, que preenchia a parede do fundo. Depois, aos poucos, foi‑se desinteressando do paradeiro diário do Catalina, do Catarina e do Catavento, deixou de espetar diligentemente as bandeirinhas no mapa, embora continuasse a comparecer religiosamente às partidas e chegadas dos navios da Insular, na Rocha Conde de Óbidos. Só uma vez lhe ocorrera, por espírito de descoberta ou por dever de ofício, embarcar num dos seus navios: fora de ida e volta até ao Mindelo, em São Vicente, numa viagem tormentosa e desconfortável, para encontrar uma terra que lhe parecera desolada e absolutamente despida de qualquer coisa que pudesse interessar a um europeu do seu tempo. Explicaram‑lhe que aquilo não era bem África, antes um pedaço de lua caído ao mar, mas ele não se motivou a ir mais além, ao encontro dessa tal África de que lhe chegavam tantos relatos extasiados.

Ficara‑se para sempre pelo escritório da Rua do Alecrim e pela casa em Santos, onde vivia sozinho com uma velha governanta que herdara de casa dos pais e que sentenciava, volta e meia, que «o menino precisa de se casar», além de uma ajudante de cozinha, uma moça da Beira Baixa, feia como um porco‑espinho. Almoçava invariavelmente no seu clube de sempre, no Chiado, jantava no Bragança ou no Grémio ou pacatamente em casa, fazia serões de cartas com os amigos ou visitas sociais em casas de família, ocasionalmente o São Carlos, festas no Turf ou no Jockey. Era bem relacionado, espirituoso, inteligente, bom conversador. Tinha a paixão do estado do mundo, que acompanhava com a assinatura de uma revista inglesa e outra francesa e era, correspondentemente, fluente nas duas línguas, coisa rara na Lisboa desse tempo. Interessara‑se pela Questão Colonial, lera tudo sobre a Conferência de Berlim e, quando a questão ultramarina começou a ser objecto de apaixonadas discussões públicas, ainda como sequela do Ultimatum inglês, publicara dois artigos no Mundo, que foram amplamente citados e discutidos pela sua análise de uma rara frieza e equilíbrio, por entre o furor patriótico e antimonárquico dominante nos espíritos, em contraste com a aparente condescendência do Senhor D. Carlos. Defendia ele um colonialismo moderno, de matriz mercantil, centrado na exploração efectiva das coisas que Portugal tivesse capacidade para levar a cabo, através de empresas vocacionadas para a actividade em África, geridas com espírito profissional e «atitude civilizacional», e não mais «entregue aos desígnios dos que aqui não sendo ninguém, lá se comportam como sobas, piores do que os que encontraram, e não como europeus, idos da civilização do progresso, ao serviço do seu país».

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Descrição de Luis Bernardo

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Foi então que Ann o conheceu. Num domingo à tarde, nas enfadonhamente inglesas tardes do «AII India Cricket Club» de Dehli, onde as conversas eram exactamente as mesmas desde há duzentos anos, só variando a geração ‑ que não os nomes de família dos personagens envolvidos nas conversas. Ao contrário de David, Ann vinha de uma família que frequentava o «All India Cricket Club» de Dehli há quatro gerações sucessivas. Mas para Ann, o futuro não passava pela Índia, mas sim pela Inglaterra. Para ela, o coronel Rhys‑More reservara um futuro diferente e especial, com algum Lord de passagem pelas índias, a quem a beleza, a inteligência, a educação perfeita e as qualidades de sociedade da filha não deixariam, quando a oportunidade se apresentasse, de atrair e de largamente compensar a insuficiência do seu dote e a ausência de título de nobreza familiar. Quatro gerações de antepassados dedicados ao serviço da índia e dois irmãos alistados no Exército que combatia pelas fronteiras do Raj nos traiçoeiros desfiladeiros do Khyber Pass, assim como a sua virtude e os seus dons naturais, faziam dela, aos olhos do coronel e da sua esposa, um muito aceitável e recomendável contrato de casamento. Ann não fora educada para conhecer e amar a índia, mas sim a distante Inglaterra onde jamais pusera o pé. Tinham‑lhe ensinado que a terra onde nascera e crescera, onde se fizera mulher, era apenas um lugar de passagem em direcção às ruas, aos restaurantes, aos salões, à vida dessa mítica cidade de Londres, que só conhecia das revistas que o coronel assinava com a devoção inquebrável de um servo que queria estar a par das notícias sobre o amo.

Tudo isso se desmoronou num dia. No dia em que ela conheceu David Jameson. A sua programada distância, o seu aconselhado recato desabaram, como um castelo na areia, sob o efeito da fúria, da ambição, da vida, que jorravam do olhar, da voz, dos gestos, da descontrolada veemência que irradiava dele. Em cinco horas que conversaram, dançaram, jantaram e tentaram em vão fingir‑se distraídos com outras coisas ou outras pessoas, ela ficou a saber mais da índia do que tudo o que tinha aprendido em vinte e cinco anos de vida nessa terra.

Ele era um jogador: um jogador compulsivo de cartas, um vício largamente alimentado nas noites do clube dos oficiais ingleses em Bangalore, e um jogador em relação à própria vida. A Índia tinha‑lhe cimentado o gosto pelas grandes jogadas, as grandes apostas, a fé na cartada do destino e o gosto pelo risco e pelas atitudes de tudo ou nada. Era como se não houvesse tempo a perder, como se tudo devesse ser jogado em cada cartada, em cada oportunidade, em cada brecha que os outros abriam: tinha pressa de viver, de forçar as coisas a acontecer, em lugar de ficar à espera que a fortuna lhe batesse à porta. Era isso que fazia a sua atracção, a necessidade compulsiva que tantas mulheres sentiam de se aproximar dele, o que desarmava os adversários, o que deixava os outros ‑ os que concorriam com ele na carreira, no amor ou na mesa de jogo ‑ sem saber como aparar os seus golpes, como acompanhar as suas apostas. Foi isso que lhe pôs Ann aos pés, nessa mesma noite. Quando ele a levava a casa, num rickshaw coberto puxado por um sikh, a quem ele tinha dado uma discreta ordem para não se apressar, e, de repente, lhe segurou a mão, mergulhou fundo nos olhos dela e lhe disse: «podemos seguir as convenções e ficar por aqui, agora, ou podemos começar já a não perder tempo. De uma maneira ou de outra, você é a mulher da minha vida e nunca mais me vou embora da sua vida. A escolha é sua e é a de adiar ou não o que é inevitável», ela percebeu que ele tinha razão, que era inútil estar a adiar o que já não tinha mais solução nem fim à vista. Assim, ela rendeu‑se, entregou nessa noite quente e húmida de Dehli tudo o que tinha acumulado em vão de ensinamentos e cautelas, de reservas e planos de futuro. Foi como se tivesse nascido verdadeiramente nessa noite e tudo o que estava para trás na sua vida não tivesse sido mais do que um inútil exercício de previsão contra o destino. E ele colheu tudo. Não com a delicadeza de quem colhe uma flor num jardim, mas com a voracidade de quem devora o jardim inteiro.

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Em menos de dois meses, e sob a ameaça de um escândalo latente, Ann Rhys‑More e David Jameson estavam casados. E, com o passar dos meses, a tão temida gravidez pré‑nupcial, que tinha aterrorizado o coronel seu pai, revelar‑se‑ia um perigo sem fundamento: David era estéril, como o revelaria uma consulta médica de rotina. A sífilis, que tinha contraído no bordel do marajá de Bangalore e que julgara curada sem nada mais do que a recordação das dores lancinantes que padecera e dos tratamentos humilhantes a que tivera de se expor, afinal deixara para sempre uma marca incurável no corpo e no amor‑próprio. Apesar de tudo, foi Ann quem melhor suportou essa notícia: «não troco o homem que amo e que mais admiro por um pai em potência» ‑ explicou a si própria, às amigas e aos pais. Essa foi a primeira vez que Ann prometeu a si mesma que não deixaria nunca o marido.




domingo, 13 de abril de 2008

EQUADOR - Oficina do Livro (2003)

Angariando os maiores elogios por parte da crítica e dos que escrevem, Miguel Sousa Tavares, através do seu estilo acessível, directo, frontal e cativante criou um fabuloso romance que se debruça sobre o trabalho escravo numa época em que a escravatura se encontra já abolida por lei.

Situando-se nos ínicios do Séc. XX entre Dezembro de 1905 e de Janeiro de 1908, o romance tem como personagem principal, Luis Bernardo Valença, indivíduo solteiro, culto, dandy nos gostos e hábitos que é convidado pelo rei D. Carlos para o cargo de Governador Geral de S. Tomé e Príncipe, tendo a sua nomeação como objectivo convencer a opinião pública inglesa, na pessoa do Cônsul Britânico local que a prosperidade vivida por aquela colónia não se baseava no trabalho escravo mas em mão de obra vinda de Angola. Essencialmente "Equador" procura desmistificar a idéia de "brandura" do colonialismo português, pois imperava uma falta de liberdade prática, uma vez que Portugal nunca assimilou muito bem o final da escravatura nas suas colónias. Os Contratos de Trabalho não passariam de mera formalidade.
Luis Bernardo é em suma um representante do Portugal Novo que se estava a construir na altura, embora não de uma forma organizada, revelando as mudanças mentais que sempre foram o maior desafio do nosso país e que infelizmente apenas uma minoria os aceita.
Paralelamente aos factos históricos e políticos da época, assistimos ao percurso pessoal de Luis Bernardo, aos seus amores e desamores...primeiro com Matilde uma portuguesa bem casada, depois com Ann esposa do Consûl Britânico, mulher dada aos prazeres sensuais da carne com quem vive uma paixão avassaladora e proibida.

Romance de paixoes extremas e convicções fortes e inabaláveis, Equador permite através de Luis Bernardo recriar as misérias e grandezas da alma humana, as suas qualidades e vícios, ambições e receios e as pequenas "estórias" que se escondem por detrás da História.