O segredo é não correr atrás das borboletas é cuidar do jardim para que elas venham até nós...
Por vezes sentimo-nos indiscutivelmente amados mas pouco considerados. E o amor e consideração necessitam de andar de mãos dadas para alimentarem o nosso ego.
Ser amado e não ser admirado, infantiliza, mas ser estimado sem se sentir apreciado é frustrante.
A auto-estima é um processo complexo para o qual não existe um só conceito. Na generalidade define-se como uma estima que a pessoa possui em relação a si própria ou mesmo o afecto que nutre por si. É a forma como olhamos para nós. Se gostamos ou não de que vemos. É um juizo que formulamos sobre a nossa pessoa. Se for positivo somos seguros e eficazes, sentimo-nos bem connosco e capazes de enfrentar desafios, se é negativo traz sofrimento, bloqueia todos os campos da nossa vida.
Existem três características fundamentais para obter a auto-estima: Autoconfiança; imagem de si próprio; gostar de si mesmo.
Tendo estes três pilares equilibrados possuimos uma auto-estima harmoniosa. Gostamos de nós, apesar das nossas limitações e imperfeições, insucessos e contratempos, porque somos dignos de respeito e amor. E esse conforto espiritual protege-nos das derrotas, sofrimento e incertezas que fazem parte da existência e sustenta a força necessária para nos reerguermos.
A percepção que temos de nós também é feita com base nos olhares dos outros sobre a nossa pessoa.
O papel dos outros, a sua opinião o que pensam de nós pode influenciar a construção da auto-estima, consoante a importância que estes têm na nossa vida. Os irmãos, sobretudo o mais velho tem um papel crucial na organização da nossa auto-estima, mas se levarmos muito a sério uma opinião e não somos capazes de a confrontar com a realidade e se aceitamos que aquilo que o outro diz sobre nós é a nossa realidade então estaremos a ser penalizados.
Quanto mais inseguros mais dependentes ficamos dos outros e do exterior.
Também é possível que em determinadas áreas da nossa vida possamos alternar a baixa e a alta auto-estima. Podemos ser profissionalmente brilhantes e a nossa vida pessoal ser um autêntico fracasso.
No entanto podemos sempre melhorar as nossas capacidades, aperfeiçoar a relação connosco e com os outros, pois a auto-estima não se reduz apenas a sentirmo-nos bem connosco próprios. Se isto acontecer corremos o risco de nos tornarmos egoistas e arrogantes.
" Um mendigo dos arredores de Madrid esmolava nobremente. Disse-lhe um transeunte:
- O senhor não tem vergonha de se dedicar a mister tão infame, quando podia trabalhar?
- Senhor, - respondeu o pedinte - estou a pedir dinheiro e não conselhos. - E com toda a dignidade castelhana virou-lhe as costas."
(excerto sobre a A Subjectividade do Amor-Próprio de Voltaire).




